quarta-feira, 7 de agosto de 2013

UBM: 25 anos de ativismo por um mundo livre da opressão

Por Clarissa Peixoto, coordenadora estadual da UBM
Comemorações se justificam pelo caminho que trilhamos ao longo do tempo. Nesses 25 anos, a União Brasileira de Mulheres pode se orgulhar das lutas travadas pela emancipação das mulheres e contra todas as formas de opressão. De enfrentamentos é que nascem as vitórias e a celebração desses 25 anos nos permite colocarmos em justo lugar as conquistas dessa entidade, em mesma medida que trazemos para a reflexão os nossos desafios para os próximos anos. É nesse horizonte que acumulamos politicamente e traçamos estratégias condizentes com o nosso tempo, fundamentais para avançarmos no campo da emancipação feminista e na luta por uma sociedade justa, solidária e livre.

A UBM trava um debate com a sociedade brasileira que atravessa as relações de gênero e a luta de classes. Coloca-se entre as entidades que se constituíram num Brasil que experimentava os ventos da democracia. Nas primeiras décadas de sua fundação, resiste à onda de ofensivas aos movimentos sociais, reafirma seu caráter emancipacionista e atua em parceria com o conjunto do movimento feminista brasileiro. Chega ao século XXI com disposição para a disputa de ideias num cenário social em que a opressão tem nuances e é sentida de forma distinta entre homens e mulheres.

No limiar de outros 25 anos, olhamos para as possibilidades de avanço social, cultural e político que o momento nos aponta. A disposição para a luta de ideias e a atuação organizada em conjunto com movimentos sociais, aliada ao diálogo entre os campos do ativismo feminista – que ganha novos contornos e jovialidade – são compromissos da União Brasileira de Mulheres.

O Brasil contemporâneo nos impele a manifestar-se: se por um lado avançamos em políticas públicas para as mulheres e trazemos à visibilidade a gama de movimentos que se articulam em torno dos direitos humanos, por outro, há uma forte ameaça à democracia com propostas como o Estatuto do Nascituro e a Cura Gay, sedimentando ideias fundamentalistas, de cunho misógino, homofóbico, racista e intolerante.

Nesses 25 anos a UBM mostra que as organizações de luta podem amadurecer sem se perder no seu próprio tempo. Consolida-se enquanto entidade e mantém viva a luta por um mundo livre de preconceito.

Viva a União Brasileira de Mulheres!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nova coordenação assume UBM-SC com desafio de intensificar formação e ampliar militância

A UBM-SC tem nova direção. Clarissa Peixoto, jornalista sindical e ex-presidente da União Catarinense dos Estudantes, está à frente da organização em Santa Catarina pelos próximos dois anos. A coordenação foi eleita durante o 4º Congresso da organização, que reuniu militantes de todo o estado nos dias 15 e 16 de junho em Florianópolis.

Clarissa Peixoto teve os primeiros contatos com as bandeiras feministas e com a UBM durante o movimento estudantil. “A atuação política me fez perceber que pareciam existir ‘lugares’ para homens e para mulheres no cotidiano e na vida em sociedade. Conheci a UBM e passei a querer entender estas relações e o que é o feminismo”, conta a jornalista, que já integrou o pleno da UBM na gestão anterior e atualmente representa a UBM no Conselho Municipal de Juventude de Florianópolis.


Conterrânea de Anita Garibaldi, a lagunense, espera focar as ações da UBM-SC na formação política necessária para a constituição de uma nova geração de feministas. “Nosso desafio é consolidar o nível de organização que a UBM/SC alcançou nas últimas gestões, ampliando a formação política feminista, a participação de novas militantes e os espaços de atuação”, sintetizou.

Reorganizada em 2005 no estado, a UBM de Santa Catarina entra na sua quarta gestão. Antes, a coordenação geral era exercida pela professora Estela Maris Cardoso, militante feminista e do movimento negro, atual vice-presidente nacional da Unegro. Emocionada, Estela despediu-se da função agradecendo as companheiras de militância. “Coordenar a UBM é uma tarefa muito gratificante por que é verdadeiramente coletiva”, destacou.

O 4º Congresso foi viabilizado através do apoio dos sindicatos Sindicato dos trabalhadores do poder judiciário(Sinjusc), Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fetiesc), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente(Sintaema) e Sindicato dos Árbitros de Futebol (Sinafesc) para a .  A programação trouxe duas mesas principais: “Feminismos em movimento” e “Espaços Queer - Para além do binarismo homem-mulher”. Em grupos temáticos, as congressistas elegeram propostas sob três eixos: Participação Política e Mundo do Trabalho; Violência de Gênero, Cultura e Mídia Inclusiva; Saúde: direitos reprodutivos, direitos sexuais e saúde de gênero. Veja aqui a programação completa.

As congressistas aprovaram ainda quatro moções:
- Moção de apoio à criação da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos das Mulheres na Câmara Municipal de Florianópolis- Moção de repúdio à violência impetrada pela polícia em São Paulo contra manifestantes do Movimento Passe Livre e a população no mês de junho
- Moção de solidariedade à coordenadora nacional da UBM , Elza Campos, em tratamento contra o câncer que a impossibilitou de participar do 4º Congresso
- Contra o estatuto do nascituro.

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Coordenação eleita:

Executiva:
Coordenadora: Clarissa Nascimento Peixoto (Florianópolis)
Vice-coordenadora: Daniele Cima Cardoso(Florianópolis)
Secretária: Graziele Justino (São José)
Coordenadora financeira: AlceniraVanderlinde(Florianópolis)
Coordenadora de Formação: Ana Claudia Araujo(Florianópolis)

Coordenadora Regional Grande Florianópolis: Patricia Pinto Ribeiro (Santo Amaro da Imperatriz)
CoordenadoraRegional Oeste: Loreci Moraes (Chapecó)
Coordenadora Regional Sul:  Sabrina Medeiros Pereira (Criciúma)
Coordenadora Regional Vale: Sara Ternes (Itajaí)
Coordenadora Regional Norte:  Josiane Dacol (Piçarras)

Membros do Pleno:
Gisele Costa (Florianópolis)
Rita Matos Coitinho (Florianópolis)
 Thays Campos (Florianópolis)
Eleonora Kackur (Florianópolis)
Noelci Salete Antunes da Costa (Chapecó)
Doroteia Maçaneiro (Criciuma)
Regina de Jesus Almeida (Itajaí)
HildegarDehner (Lages)

Conselho Fiscal:
Raquel FelauGuisoni (Florianópolis)
Estela Maris Cardoso (Florianópolis)
Simone Lolato (Florianópolis)



quinta-feira, 6 de junho de 2013

sexta-feira, 24 de maio de 2013

UBM/SC convoca para IV Congresso Estadual

A Coordenação executiva convoca as integrantes da UBM/SC e convida todas as mulheres interessadas a participarem do seu IV Congresso Estadual:

1. O Congresso realizar-se á nos dias 15 e 16 de junho de 2013 no auditório do SINJUSC (localizado na Avenida Mauro Ramos, 448, Centro, Florianópolis/SC). O Edital de Convocação segue em anexo. 

2. A taxa de inscrição será de R$ 10,00 (dez reais) por participante. 

3. A hospedagem será solidária (nas casas das companheiras de Florianópolis). Obs: As pessoas que preferirem e ou tiverem condições poderão hospedar-se em hotéis da cidade, porém as despesas serão de responsabilidade das mesmas. 

4. O evento propiciará estrutura de cuidadoras caso as mulheres necessitem trazer filhos menores. Obs: É imprescindível que esta informação (com idade da criança) seja repassada antecipadamente à Coordenação Estadual. 

5. Programação prévia::




   Estrutura: Alcenira (Lélly)  (48)8406-2806 / Ana Claudia (48(9923-0037)
   Programação: Simone (48)9918-3165 / Clarissa (48)9604-4383
   Mobilização: Estela (48)9184-4458 / Raquel (48)9161-8665

COORDENAÇÃO EXECUTIVA DA UBM


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

QUEM ATIRA A PRIMEIRA PEDRA? 
Nota sobre as mães das crianças mortas no incêndio em Guarapuava/PR 

Duas mulheres, mães das cinco crianças que morreram em um incêndio em Guarapuava, foram presas em flagrante por abandono de incapazes na última quinta-feira, dia 8/11/2012. As crianças estavam sozinhas no barraco de um cômodo, que não tinha luz elétrica e, segundo os indícios, o incêndio foi causado por velas, que eram usadas para iluminar o ambiente. Ao que consta, as mulheres já foram soltas e estão sob proteção especial, vez que receberam ameaças. A morte das crianças gera uma enorme consternação.

O fato de estarem trancadas em casa, sem nenhum adulto responsável, é extremamente sério, viola os direitos básicos dessas crianças, além de configurar descumprimento de disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente. Entretanto, ante o julgamento antecipado das mães e a abordagem condenatória dos meios de comunicação sobre o caso, cabe uma reflexão que aponte para a complexidade da situação, visando trazer mais elementos para uma análise mais abrangente, e que não se satisfaça apenas em “atirar pedras” nessas mulheres.

As notícias, veiculadas em jornais de circulação estadual, enfatizam o fato de que as mulheres, costumeiramente, “de forma habitual e reiterada, [...] saíam para a vida noturna, em bares, boates, encontros amorosos e coisas do gênero, e deixavam as crianças na residência”. Expõem também o ponto de vista do delegado da cidade, que, desnecessariamente e na extrapolação de suas funções investigativas, teceu comentários acerca do comportamento das mulheres que, supostamente, estariam aparentando “calma razoável” durante o depoimento.

No exercício de um jornalismo de notícias superficiais e descomprometido com a realidade dos fatos, as notícias não expõem, por exemplo, que tipo de apoio social as mulheres contavam para cuidar das crianças e evitar a tragédia, como efetivamente eram suas vidas ou mesmo os motivos que as levaram a deixar as crianças sozinhas. Se as investigações apontam, a partir do testemunho de vizinhos e familiares, como noticiado, que as crianças ficavam reiteradamente sozinhas em casa, por que nenhuma dessas pessoas próximas fez uma denúncia no Conselho Tutelar? E, se fizeram, porque não houve uma solução para o caso? Afinal, é dever da família, da sociedade e do Estado, com absoluta prioridade, colocar a criança, o adolescente e o jovem a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, conforme preceitua a Constituição Federal.

Além disso, também causa preocupação que sete pessoas (cinco crianças e duas adultas) morem numa “casa pequena, com um compartimento único”, sem energia elétrica, sendo iluminado por velas! Primeiramente, surpreende saber que no Município de Guarapuava, nono mais populoso do estado do Paraná e considerado polo regional de desenvolvimento, ainda existam famílias que não têm acesso à energia elétrica, seja por motivos infraestruturais ou por dificuldades econômicas. Segundo, a família não tinha assegurado seu direito à moradia adequada, vivendo “espremida” num único cômodo.

As violações a esses direitos básicos também culminou com a fatalidade: as velas provocaram o incêndio e o pequeno imóvel, devido a seu tamanho, queimou muito rapidamente, impossibilitando o socorro. E, por último, uma questão fundamental: se as mães dessas crianças estavam “na balada” quando o incêndio aconteceu, onde estavam os pais? Em que momento esses homens abandonaram as crianças? Por que, apesar da ausência de estrutura material (energia elétrica e moradia digna), falta de apoio social e, principalmente, ausência e responsabilidade dos pais das crianças, recai única e exclusivamente sobre as mulheres a culpabilização da fatalidade?

O papel da paternidade foi totalmente esquecido, cabendo apenas às mulheres a responsabilidade de cuidar das crianças, de forma adequada ou não. Não se pretende aqui justificar o ocorrido – a morte das crianças é algo terrível e extremamente consternador. Da mesma forma, não se propõe remediar o que lamentavelmente é irreversível. Mas para evitar futuros casos de negligência, é extremamente importante e salutar quebrarmos os estereótipos em torno da idealização da maternidade, avaliando as condições concretas em que ela se dá, e assumindo – sociedade e Estado, vizinhos, gestores públicos, conselho tutelar e grupos comunitários, além dos pais (homens) – o dever constitucional de cuidado e a responsabilidade que temos todos/as quanto à educação e vida de nossas crianças, não reduzindo a situação noticiada a simplismos e a julgamentos morais.

Assinam a Nota ( 20/11/2012):
Entidades: Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos - RFS/PR União Brasileira de Mulheres – UBM Fórum Popular de Mulheres – FPM/PR Projeto Promotoras Legais Populares de Curitiba e Região – PLP/PR Conselho Regional de Serviço Social – CRESS/PR Espaço Mulher - EM Secretaria de Gênero do PT/PR Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais - Plataforma DHESCA Brasil Assinaturas individuais: Alice Bark Liu Adriana Marceli Motter - Projeto de Promotoras Legais Populares de Curitiba/PR. Ana Z. Raggio Antonia Passos de Araújo - Fórum Popular de Mulheres Camila M. Daltoé - Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, Projeto de Promotoras Legais Populares de Curitiba/PR. Carmen R. Ribeiro - Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos Claudiamari Rosa- Marcha Mundial das Mulheres Denise de F. Thurmann Gomes Edna Dantas – Partido dos Trabalhadores - PR Elizamar G.Araújo - Secretaria estadual da APP-Sindicato Elza M. Campos - União Brasileira de Mulheres Flora A. Carrasqueira Graciela Scandurra - União Brasileira de Mulheres Yeda Nichetti Jackeline Florêncio – advogada popular, secretária executiva da Plataforma DHESCA/Brasil, Projeto de Promotoras Legais Populares de Curitiba/PR. Ligia Cardieri- Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos e SindsaúdePR Luci Belão Maine Tokarski - Projeto de Promotoras Legais Populares de Curitiba/PR. Maria Celi Albuquerque - Espaço Mulher Maria de Nazaré C. Nery - Rede IBFAN Maria Isabel Corrêa - União Brasileira de Mulheres Maria Letícia Fagundes Marilda R. da Silva – Marcha Mundial de Mulheres e Coletivo de Mulheres do PT Paula T. Cozero – mestranda em Direito pela UFPR, assessora jurídica da Terra de Direitos, Projeto de Promotoras Legais Populares de Curitiba/PR. Regina C.R.A Zanchi Renata T.F.Cunha Rita de C. P. Xavier Sandra Lia Bazzo Barwinski Sionara de Paula - Conselho Regional de Serviço Social

(Para aderir envie um email para: ligiacardieri@gmail.com)